segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Novos patrocínios de material esportivo no futebol brasileiro: VERDADES E MENTIRAS

Virou uma insanidade. Guerra vazia de ostentação.
Dirigentes do Brasil se engalfinham. Todos, sem exceção, estão afetados pela “síndrome do novo rico”.
Não querem saber de quanto precisam de patrocínio. Desejam é ostentar, tentar provar ter o maior. Mostrar que sua camisa é a mais valorizada no mercado.
Seria uma compensação até por ausência de títulos significativos.
Os torcedores embarcaram de cabeça nesta competição oca, vazia. Comemoram o patrocínio se fosse a chegada de um novo jogador, um gol de placa.
Nesta corrida desenfreada, houve duas grandes confusões: números forçados para alguns e manipulados por outros. Normais para terceiros.
No centro da principal questão está o acordo São Paulo com a Penalty. Dezenas de leitores pediram para expor o que realmente aconteceu.
A matéria de Rodrigo Capelo da revista Época Negócios não precisou nem ir tão fundo, mas serviu para abalar Juvenal Juvêncio. O valor divulgado seria de R$ 35 milhões por ano, de um total de três.
O Flamengo e a Adidas fecharam por R$ 350 milhões em dez anos. Com algumas ações e reajustes, pode chegar a R$ 38 milhões em média.
O Corinthians com a Nike: R$ 300 milhões em dez anos. R$ 30 milhões por ano. Neste cálculo estão agregados dinheiro e material esportivo para o clube.
E ações de publicidade: O Flamengo teria o melhor do Brasil. O São Paulo teria superado o Corinthians, mas Rodrigo escreveu que não seria bem assim e irritou a cúpula do Morumbi. O jornalista expôs o que seriam detalhes do contrato com a Penalty. O clube receberá apenas R$ 13 milhões em dinheiro vivo e mais R$ 110 mil em peças.
De acordo com a reportagem, a conta foi simplória. Cada peça foi calculada em R$ 200,00 no varejo. R$ 110 mil vezes 200 é igual a R$ 22 milhões. R$ 22 milhões mais R$ 13 milhões chegariam aos R$ 35 milhões.
Só que R$ 200,00 seria o preço da camisa oficial do São Paulo e nestas peças da Penalty há uniformes de treino, meias, calções.
O cálculo seria que estas 110 mil peças teriam valor médio de R$ 70,00 e o valor chegaria a R$ 7.700.000,00. Esse valor mais os R$ 13 milhões, o São Paulo teria um patrocínio de apenas R$ 20,7 milhões. Bem abaixo do clube que mais incomoda Juvenal Juvêncio e sua diretoria: o Corinthians.
O São Paulo lançou uma nota oficial e negou, criticou, tentou diminuir o jornalista da revista Época Negócios. Alegou que, por questões de confidencialidade, não revelaria os valores. Ninguém saberia realmente quanto ganha. Uma pena! O desmentido ficou sem sentido e perdeu a força.
Seria histórico se o São Paulo e a Penalty demonstrassem ser verdade os R$ 35 milhões e quais cálculos usaram para chegar a este valor. Não fizeram.
E o tão propagado segundo maior patrocínio do Brasil deixou muitas dúvidas. Cabe ao leitor decidir quem está com a razão.
O outro clube a se complicar com os números foi o Palmeiras. Arnaldo Tirone passava as mãos nos cabelos, todo orgulhoso.
Não foi de material esportivo. Mas o das camisas.
Em plena crise internacional, a Kia Motors fechou contrato com o clube. Pagaria R$ 25 milhões. Não importava o que era o patrocínio master. O que doeu em todos era a alta premiação.
Esse valor alto passou a ser referência para a renovação de contratos, principalmente para o Corinthians. Executivos da Nike sofreram com ele, até que resolveram oferecer R$ 300 milhões por dez anos. O importante é que a quantia daria uma média de R$ 30 milhões anuais.
Pronto! O clube campeão do mundo passava o agora especialista em segunda divisão.
O desmentido veio dos próprios conselheiros do Palmeiras. Os conselheiros do Conselho de Orientação Fiscal. Não há como contestá-los. Apenas R$ 18 milhões chegaram aos cofres do clube e não há parte em material, pois a Kia não vai dar carros a jogadores, treinadores. Portanto, mais um vexame por parte do Palestra Itália. E não foi desmentido por Tirone.
O Palmeiras nunca teve um patrocínio de R$ 25 milhões.
O ranking ficou assim:
Incontestáveis são os contratos do Flamengo, o maior. Pelo menos R$ 350 milhões por dez anos pagos pela Adidas;
Em segundo, o Corinthians, com R$ 300 milhões por uma década, bancados pela Nike;
O contrato do São Paulo com a Penalty fica em aberto. Quem quiser acreditar que chegue a R$ 35 milhões por ano, fique à vontade. Quem apostar nos R$ 20,7 milhões também;
Calado, o Palmeiras foi obrigado a admitir os R$ 18 milhões da Kia.
É assim, conturbada, a vida dos novos ricos, cheias de meias verdades e mentiras inteiras.
Um Mundo de muita pose e competição. Todos querem provar que são mais ricos que os vizinhos. Esse raciocínio imbecilizado chegou ao futebol. Cada um acredite no que quiser e comemore, ou proteste, porque agora para muita gente, camisa ganha jogo...
Por uma questão de justiça, a ressalva: Corinthians e Flamengo também não mostram seus contratos e, portanto, estamos todos presos aos valores que eles divulgam.
Todos nós...
Texto: Cosme Rímole com adaptações – Portal R7 – 14/01/2013

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