A coisa agora se tornou notória e tudo indica que a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal vão parar.
Hoje uma carreata no Eixo Monumental foi uma pequena demonstração da insatisfação dos integrantes das duas instituições.
Diante tudo isso, o Governador Agnelo não poderá alegar que foi surpreendido com tal movimento - alegação esta feita pelo Governador da Bahia, Jaques Wagner.
Uma Assembléia da categoria está marcada para o dia 15, às 19 horas na Praça do Relógio em Taguatinga.
Tudo isso nos obriga a fazer uma análise de situação.
O fato é que a categoria está insatisfeita com os 4 anos de esquecimento e descaso dos Governadores que passaram pelo Palácio do Buriti. São 4 anos sem reajuste ou qualquer negociação com a categoria que apresenta remuneração defasada frente ao elevado custo de vida da Capital Federal.
De forma muito conveniente, o Governador Agnelo falou que o movimento reivindicatório é meramente político (4 anos sem reajuste é político?), que há 10 dias houve promoções para cerca de 2 mil praças (em um universo de mais de 20 mil militares: é insuficiente. Sem falar que tais promoções tiveram como fundo a intenção de enfraquecer o movimento reivindicatório), que investiu em viaturas e equipamentos (que pouco chega aos policiais que estão nas ruas e quando chega o GDF não oferece manutenção adequada, forçando viaturas pararem com 10 mil quilômetros - viaturas 4 rodas ou 1 mil quilômetros - motocicletas). O mesmo Governador lembrou que a PMDF e o CBMDF são as instituições militares de segurança mais bem pagas do Brasil. Por favor senhor Governador!!! Essa afirmação deixou de ser verdade ha muito tempo! Pior, o custo de vida continua aumentando e o salário congelado.
Agnelo também esqueceu que tudo que é pedido foi prometido por ele em campanha eleitoral no ano de 2010, todavia não cumprido. FRANCAMENTE SENHOR GOVERNADOR!!!
Não é prudente fazermos comparações, mas vamos lá: Um agente da PCDF ganha inicialmente R$ 7.000,00; um agente do Detran: R$ 8.000,00 (com aumento concedido à categoria na surdina - noite do último domingo); sem falar nos ilustres deputados distritais: cerca de R$ 30.000,00 mais verba de gabinete e demais regalias que podem chegar próximo de R$ 80.000,00 por parlamentar; sem falar nos cargos de comissão e confiança da cúpula do governo; os altos salários do Poder Judiciário, entre outros. Enquanto isso, um soldado recebe R$ 3.500,00 em uma cidade que a média do valor do aluguel de um apartamento de 2 quartos é R$ 1.000,00.
Essa questão de ser a mais bem paga do Brasil é muito tendenciosa e sem fundamento, partindo da premissa que todas as polícias recebem muito mal. Esta conduta é covarde frente a uma categoria que se revela polivalente e merecedora do apreço, admiração e apoio de toda sociedade, pois é a última linha de defesa contra as investidas da criminalidade frente ao cidadão comum, tendo até o momento logrado êxito na repressão à atuação de grupos criminosos organizados.
Outra alegação do senhor Governador é que a Presidenta Dilma Rousseff vetou qualquer aumento no âmbito federal, contudo várias outras categorias foram contempladas com pomposos aumentos. De qualquer forma, a intransigência, aversão ao diálogo e a negociação, revela a insensibilidade da senhora presidenta e do senhor governador frente às justas reivindicações, gerando uma situação de instabilidade e insegurança frente à democracia.
Há um fator que ainda não foi levado em consideração pelas autoridades do governo. Hoje a Polícia Militar do Distrito Federal não limita sua atuação na atividade de policiamento ostensivo preventivo e repressivo (motorizado, montado, ambiental, aéreo, lacustre, trânsito, escolar, judiciário, especializado), mas também se encontra inserida no contexto e no funcionamento de vários seguimentos da sociedade brasiliense, dentre este, o funcionamento do comércio, autarquias, suporte à atuação de entidades e órgãos públicos, transporte, fóruns, escolas, trânsito, preservação ambiental, serviço de socorro e emergência, essencial ao funcionamento e manutenção do serviço bancário, postal, hospitalar, lotéricas, shoppings, eventos esportivos, culturais, artísticos e de massa, entre outros, adendo especial a segurança aproximada das altas autoridades locais e nacionais.
Em resumo, se a Polícia Militar parar, provavelmente o Distrito Federal para, isso sem falar que a Capital do Brasil vai virar um inferno.
Senhor Governador, aqui no Distrito Federal eu não sei o que é pior: Carnaval ou pós-carnaval sem polícia. Então resolve logo esse problema, antes que a população seja penalizada pela omissão e descaso com os servidores da segurança pública.
Chegamos a uma dura realidade: Educação, saúde e segurança não são prioridades para os governantes.
Texto: OBSERVADOR