segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em tempo de eleição, governador quer ser rei.

Para contar essa fantástica história, farei uso do ERA UMA VEZ...
Era uma vez, Joãozim Midaz com Z, conhecido Governador que desejava ser rei.
Em sua província, cravada no coração do Mangue Seco, era venerado e aclamado pela multidão, resultado da política eleitoreira posta em prática há longa data.
Um dia o velho lobo, conhecido além de seus domínios por sua malícia e astúcia, frutos de anos de experiência na arte de dissimular, fez uso de seu dom natural e convenceu até mesmo o Deus Dionísio quanto sua eterna "bondade". Assim como havia feito quatro anos antes, prometeu trazer mais uma vez, água àquelas áridas terras. 
Dias depois, o leito do antigo rio morto, que há muito tinha sido extinto, exibia enorme volume d'água a correr sob a imponente ponte ornamentada com três grandes arcos brancos, além do farto número de peixes.
Diante do estado de êxtase geral que o povo se encontrava, Joãozim Midaz com Z falou:
- Sou homem simples e só penso em meu povo, por isso, além do farto peixe, trarei a alegria através da voz de dois repentistas que cantarão e nos divertirão todas as noites até o raiar do dia.
- Não precisam trabalhar, nem estudar. Vou dar o pão, o leite, o gás, cesta básica que inclui o agrado da cachaça, além de um dinheirinho todo mês. Acho que vou batizar de programa NÃO ESQUEÇA DE MIM.
- Darei lote, para quem tem ou não tem onde morar. Se já tiver, vende! Não importa se é daqui ou de outras bandas. Não precisa comprovar tempo de residência, renda ou qualquer tipo de burocracia. O quê importa é ser meu amigo eleitor - TOMA UM SANTINHO, AÍ!
- Impacto ambiental? Isso não existe. É coisa de quem não quer ver o progresso.
- Vou chamar gente de fora pra morar aqui, só assim a cidade desenvolve, mas não se preocupem, pois eu garanto que isso NÃO vai acarretar o inchaço da cidade, nem a criação de invasões.
- Inflação? Isso é coisa difícil de entender. Pra que esquentar e perder tempo pensando nisso?
- E mais...para resolver o problema do transporte, tá liberado o transporte alternativo em pau-de-arara. Especializar o motorista pra que? Isso só acarreta o encarecimento do processo.
- Se eu pudesse, traria também o vinho, mas aqui não tem esse luxo nem para comprar.
Povo sofrido e ingênuo, privado dos menores prazeres da vida, aclamaram como nunca o nome daquele governador.
O quê todos desconheciam era que anos antes, a água do importante rio havia sido desviada para enrigar as terras da Fazenda Luzia e Ana, de propriedade do Governador Joãozim Midaz com Z, situada no povoado vizinho de Duas Irmãs. Lá sim, havia muita fartura e riqueza, tudo custeado pelo sofrido povo de Mangue Seco.
Ao cair da noite, Dionísio apareceu diante do "bem feitor da cidade" e rendendo-se à grandiosidade do feito, concedeu-lhe um desejo.
 - Por meu ato, tenho certeza que mereço a realização de ao menos três desejos - disse a velha raposa.
Mesmo surpreso com a inesperada petulância do homem, Dionísio resolveu ceder a vontade, mas recomendou-o ter sabedoria ao fazer os pedidos.
- Quero ser rei, pois o rei é divino.
- Rei não é questionado em seus atos.
- Sendo rei, não mais terei que concorre a desgastantes disputas eleitorais.
- Não mais terei que prestar contas ao povo.
- Serei o senhor supremo de tudo e todos.
- Quem estiver comigo, estará com Deus! - Assim foi concedido o primeiro pedido.
- Quero ser rico e poderoso. Quero ser mais rico que o mais rico dos homens. - Assim seja satisfeito o segundo pedido.
"Ohhhhh! Grande bem feitor. Vós que hoje é rei, poderoso, rico, o mais rico entre os ricos, ainda teis o último pedido. Porque não pedes algo para o seu povo?" - Indagou Dionísio.
- Desejo que a água do rio se transforme em vinho, mas não vinho comum. Aquele que ao ser bebido, traga a ignorância profunda ao homem.
Naquele momento, o Deus Dionísio enxergou a negra face de Joãozim, mas seduzido pelo doce gosto do vinho da ignorância, cedeu aos encantos do terceiro pedido.
"Como uma mão lava a outra, concedo a ti o seu pedido em troca do degustar de um cálice transbordo desse maravilhoso vinho" - barganhou Dionísio.
O tempo passou, mas no povoado nada melhorou, nada progrediu e tudo piorou.
O vinho que um dia foi água novamente secou e não mais voltou, mas a fome, a miséria, a violência, na cidadela que já era megalópole se instalou.
O crescimento do povoado a todos surpreendeu e não havendo mais aonde colocar tanta gente, sobre o antigo lixão, uma nova invasão se formou.
A criminalidade chegou a patamares inaceitáveis aos olhos da passiva população. Para explica-la, teorias diversas foram criadas por sociólogos, antropólogos, padeiros e confeiteiros - gente que de tudo entendia (futebol, política e religião), falavam, reclamavam, gritavam, rosnavam, mugiam, mas de prático para resolver o problema da violência, nada diziam. O povo, ainda entorpecidos pelo maldito vinho, não percebia que o câncer da cidade se chamava Midaz.
As drogas que alí não existiam, surgiram indistintamente nos diversos níveis sociais, agora já uma realidade presente e tolerada.
O poder político e econômico, assim como o controle do transporte e dos postos de combustíveis, estavam nas mãos de poucos, membros de uma tradicional oligarquia local.
Certo dia, o moribundo rei cavalgava pelas rústicas e estéreis terras, montado em seu jegue azul, quando avistou algo inimaginável - um solitário andarilho que puxava pelo cabresto um bezerro de ouro. Aquela visão causou-lhe um inesperado frissom, acompanhado de um incontrolável desejo pela posse do inestimável animal dourado.
O Rei Joãozim foi ao encontro do nômade e lhe indagou:
- Homem do mundo!! Quanto queres por esse belo desmamado?
"Desculpe Majestade, mas este animal é muito raro. Quem o tem, infinitamente mama leite d'ouro, por isso o seu valor é inestimável. Não está à venda!" - Respondeu o homem.
- Veja bem. Isso é bobagem meu caro. Todos têm um preço. Lealdade, pessoas, votos, vidas, tudo tem preço.
- Sou rico e poderoso. Diga-me o valor e será pago.
- Tudo que quiseres, tudo que desejares, eu posso lhe dar!!- Retruncou o Rei de forma a quase implorar.
Finalmente à frente, um negociador implacável à altura.
"O que teis a me oferecer, grande rei?" 
A atitude firme e convicta do estranho homem, confundia e aguçava ainda mais seu desejo pelo ser movente cor d'ouro. Em pouco tempo, pressionado pelo perspicaz negociante, o dominador foi dominado e de forma impensada, fez a proposta irrecusável:
- Este animal custa seu peso em ouro, por volta de G$ 40.000,00 (quarenta mil garoupas), mas considerando as circunstâncias...estou disposto a permuta-lo frente ao meu mais apegado bem - minha Fazenda Luzia e Ana, avaliada em G$ 60.000,00 (sessenta mil garoupas).
O rústico andarilho gesticulou negativamente com a cabeça e logo emendou: "Não é o suficiente."
Dominado pela loucura, o Rei Joãozim Midaz com Z investiu:
- Acrescento a minha proposta, toda minha fortuna, riqueza e bens.
Mantendo o gelo em sua face e em seus gestos, o estranho manifestou novamente:
"Não é o suficiente. O preço desse rebanho de cabeça única é tudo já oferecido, somado ao seu nome, título, prestígio, respeito e até mesmo suas vestimentas. Deixo para você a escolha de outro jumento que não seja o amado azul, além do cultivo de sua insanidade."
- Aceito! Se este for o preço que tenho de pagar para mamar o néctar de ouro, até minha alma estaria disposto a pagar - Finalizou Midaz com Z.
"Ohhhh, homem podre e sem coração. A sua alma há muito, pelo irrisório poder de reinar ratos e porcos, já negociou comigo" - E aos risos o homem se foi, deixando no ar o odor de enxofre.
- Não importa o quanto tempo eu fique afastado do poder ou mesmo que nunca mais o tenha em minhas mãos, sempre existirão raposas, ratos, porcos e carrapatos.

"O valor de cada homem é atribuído por suas intenções, escolhas e atos".


QUALQUER SEMELHANÇA DESTA HISTÓRIA COM FATOS DA VIDA REAL, NÃO PASSA DE "MERA COINCIDÊNCIA", ATÉ MESMO PORQUE FORA DA FICÇÃO, "NÃO EXISTEM" HOMENS DE CONDUTA TÃO VIL.

Texto: OBSERVADOR






quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Flamengo anuncia a volta de Andrade e mais três reforços de peso.

Após amargar um jejum de vitórias nos últimos quatro jogos, além da inexplicável ineficiência do ataque rubro-negro, a Diretoria do atual Campeão Brasileiro surpreendeu toda uma nação de apaixonados por futebol ao anunciar o retorno do vitorioso técnico Andrade concomitantemente à contração confirmada de três reforços internacionais (um atacante, um armador e um zagueiro), os quais os nomes mantém em sigilo até a apresentação oficial que acontecerá nesta quarta-feira (11).
Bem senhores! Diante das mais recentes apresentações do time do Flamengo, confesso que neste momento, esta seria a manchete que gostaria de ler nos diversos periódicos esportivos de nosso país, mas dia após dia, cresce a sensação de desespero. Esta sensação começou nas infrutíferas e frustradas tentativas de manter o time do ano passado, base da histórica conquista do Brasileiro, mas em sua ingenuidade, negociou peças-chave da complexa engrenagem que proporcionou a arrancada espetacular em 2009, entre os quais devemos lembrar de Airton (Benfica-POR), Zé Roberto (Vasco da Gama - hoje) e Éverton (Tigres - MEX).
E a vegonha diante do amadorismo e da impotência financeira??!! Essa ocorreu mais de uma vez, principalmente quando em disputa com outros clubes por eventuais reforços. Por culpa própria e da especulação, o Urubu perdeu Washigton (São Paulo e Fluminense), Muricy Ramalho e Emerson (Fluminense), Zé Roberto (Vasco da Gama), Walter Montilho (Cruzeiro), Jobson (Botafogo), Riquelme (Boca Juniors - ARG), Luis Felipe Scolari (Palmeiras), Kleber Pereira (Vitória), Ronaldinho Gaúcho (Milan) e Gilberto Silva (Panathinaikos - GRE).
Ahhhhhh Libertadores da América!! Depois dessa competição, nenhum time é mais o mesmo. Ou cresce e vira "gente grande", ou desanda e desmonta para o resto do ano. Com o Flamengo foi ainda pior. Além de ser eliminado da competição continental, se viu desnudo com o desmantelamento de seu plantel. O ciclo de mudanças na espinha dorsal se deu com a saída de jogadores de qualidade diferenciada, tais quais, Diego (Ceará) e Bruno (Complexo Penitenciário Nelson Hungria - Contagem MG) - dois goleiros, Álvaro (dispensado) e Fabrício (Palmeiras) - dois zagueiros, Egídio (Vitória) - lateral, Adriano (já esperada saída para o futebol europeu - Roma - ITA) e Vágner Love (CSKA - RUS) - dois atacantes. Sem falar na indefinição quanto à permanência de jogadores como David, Juan e Maldonado, os quais os contratos estão prestes a vencer.
Nos últimos meses, uma nova política de reavaliação qualitativa, posta em prática pela gestão Patrícia-Zico, vêm proporcionando uma economia de fundos e nervos. Atletas como Gil, Maxi  Biancucchi, Josiel, Fierro, Érick Flores, Bruno Mezenga e Denis Marques, dispensados ou negociados pelo Clube, são considerados abaixo do nível de qualidade mínima exigível aos que vestem a histórica rubro-negra.
Peças recentemente contratadas como Jean e Correa, aos poucos vêm conquistando espaço no grupo e no gosto do torcedor, mas ainda são vistos como insuficientes para resgatar a confiança abalada pelo fraco desempenho no nacional. No ataque recém formado, Val Baiano, Cristian Borja e Marquinhos ainda não convenceram, e ainda pior, causaram um desconforto maior pela baixa produtividade no que diz respeito a fazer gols, principalmente em uma equipe acostumada com o exuberante ataque dos sonhos - Império do Amor.
A verdade é que diante das atuais opções, nos voltamos para o quê é possível no momento, mesmo que não seja prudente - Leandro Amaral (há um ano parado) e Renato Abreu (fora de forma). Uma coisa é certa - com o quê tem a sua disposição, não gostaria de ser o técnico Rogério Lourenço.

Texto: OBSERVADOR